Sabe... ser você mesmo nunca é fácil. Viver a vida, de qualquer forma, não é fácil pra ninguém nesse mundo, tenho certeza disso, mas acho que tudo se torna pior quando você se identifica como sendo uma pessoa diferente, de uma forma que não dá pra mudar por mais que se tente ou tentem por você.
A pior fase acho que seja a da auto-descoberta e auto-aceitação. É o pior obstáculo pra qualquer um, o qual muitas pessoas levam anos para superar, e talvez nunca superem, enquanto pra outros é fácil e parece vir de berço. Mas sempre há um ponto que se chega, acho que o da passagem da infância pra adolescência, no qual a gente tem certeza de as coisas acontecem de forma diferente pra gente. Enquanto todos começam os namorinhos, a brincar de dar em cima das meninas, a começar a pagar de macho alfa, fingir que tem várias namoradinhas, ficar de agarramento com as meninas da escola...você não liga, não é você, não se encaixa, você não entende, ou todos parecem idiotas demais pra você, ou se rende e participa de forma forçada daquela vivência. Mas de alguma forma a gente sente - Esse não é o meu mundo.
É sobre esse momento da minha vida que eu vou contar hoje.
Sempre me senti exatamente assim. Nunca fui aquele menino que os outros vêem como "viadinho", nunca foi muito foco de zoação contra mim, mas logo na infância com os meus amigos os sinais surgiam. É engraçado porque hoje muitos deles me julgam pelas costas, e o que eu posso fazer é rir, porque sei da nossa infância.
Tudo geralmente envolvia abaixar as calças dos outros (rsrsrsrsrs), o que aos poucos foi dando espaço para brincadeiras onde se pagavam "micos", que futuramente viraram apostas. O peso das brincadeiras também evoluiu com o tempo, de mostrar a cor da cueca a ficar sem boa parte da roupa (6). Nunca tinha parado para analisar o que acontecia, mas sabia que gostava daquilo, eles também gostavam, boa parte brincou ainda até bem mais velhos, já bem conscientes das coisas. Mas nunca rolava nada mais do que olhar, a curiosidade de ver o outro sem roupa, era excitante, dava febre de tesão em alguns, tremores, os hormônios na fase mais ativa querendo ser descarregados de qualquer forma, mas a gente tinha medo... Até o dia que, num trabalho de escola em grupo, acabou que só um menino apareceu, e ficamos no meu quarto trancados. A gente acabou jogando vídeo-game, e fazendo apostas... e ele também gostava, e muito pelo visto. Ao invés de colocar a roupa quando ganhava, ele queria tirar a minha. Por mais que eu sempre brincasse daquela forma, nunca tinha ficado totalmente nú na frente de outro garoto, mas ele tinha mais vontade que eu, ele me fez ficar só segurando minha boxer com as mãos me cobrindo, até me fazer ficar totalmente sem nada. E ele foi mais longe, ele me fez tocar nele, mas eu só encostei, ainda era algo estranho pra mim, mas ele sabia o que fazia, e me puxou, e botou a mão em mim, e começou a me masturbar e me fazer masturbá-lo... até que eu acabei gozando como nunca na minha vida, e quase que instantâneamente me bateu um enorme sentimento de culpa. Culpa sim, sempre que essas coisas aconteciam, eu me sentia a pessoa mais suja do mundo, porque pra Deus, era a coisa mais abominável da face da Terra, e a culpa me corroeu por dentro por muito tempo. Até eu entender que essa culpa não era minha, era algo que queriam me fazer acreditar, e ter medo.
Depois desse episódio, me caiu completamente a ficha do que eu queria, do que eu gostava, e que um dia eu teria que encarar, mas não era a hora...
O resto fica pra um outro dia...
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